Proibição do Tráfego dos ciclistas no calçadão
Jefferson Abreu
Mesmo com a proibição é comum ciclistas andarem no calçadão da Beira Mar. Marcílio Soares, que é chefe de operações da AMC, afirma que os agentes trabalham com dificuldades, pois são várias pessoas que utilizam bicicletas no calçadão. “Um passa oferecendo a merenda, outro traz o suco e água de coco. Há também produtos de limpeza. E assim funciona o comércio sobre duas rodas na Avenida Beira Mar”, afirma Soares .
Os coopistas pedem maior fiscalização para que o trajeto seja concluído sem riscos. A Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania, admite ter dificuldades para fazer cumprir a legislação, pois o número de agentes é bem inferior ao que deveria ser, porém a AMC acredita que a situação seja resolvida depois da contratação de novos agentes, que irão fazer a prova no final do mês.
A AMC alega que o efetivo é reduzido e quando existe uma fiscalização para garantir o Projeto Passeio Seguro, os agentes contam com a ajuda da guarda municipal. Alguns ciclistas infratores afirmam que utilizam o calçadão por que não existe uma fiscalização, mas estão cientes que estão errados.
Mesmo com tantas dificuldades, depois que criaram o Projeto Passeio Seguro, os agentes da AMC já apreenderam mais de 300 bicicletas, que hoje estão no pátio da sede da AMC.
Raimundo Nonato, de 38 anos, é morador do Mucuripe e vai de bicicleta para o calçadão, e aproveita o movimento para vender coco. O ambulante diz que sabe da proibição, mas utiliza o calçadão por que é mais seguro. ”Sempre passo devagar quando não ando devagar estou empurrando a bicicleta, com isso fica difícil ocorrer um acidente” afirma o ambulante.
Além dos ambulantes, os pedestres também dividem o espaço com aquelas pessoas que saem de casa para passear, como é o caso do aposentado Fernando Silva, todos os dias ele sai de casa às 6 horas da manhã para dar um passeio de bicicleta, mas acaba utilizando o calçadão. Quando falamos da proibição, aposentado não gostou e explicou que vai continuar utilizando o local até que haja uma fiscalização.
O QUE DIZ A LEI
Três artigos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) disciplinam o tráfego
ciclístico. A penalidade para quem descumprir as normas é uma medida
administrativa: remoção da bicicleta, mediante recibo para o pagamento de
multa. A AMC informa que caso recolha alguma bicicleta, o proprietário deve
comparecer à sede, na Avenida Aguanambi, portando identidade, nota fiscal
da bicicleta ou boletim de ocorrência informando a perda da nota, e recibo do
recolhimento. Logo em seguida, será assinado um termo de ajustamento de conduta.
FÉRIAS NO CALÇADÃO DA BEIRA MAR
Luzianne Freire
Um calçadão espaçoso, cheio de gente bonita, muito lazer e água de coco, é assim que o estado faz questão de apresentar um dos principais cartões postais de Fortaleza: a Avenida Beira Mar. Mas será que este é o pensamento dos cearenses? O período das férias mal começou, mas a segurança é a primeira preocupação de quem anda por lá.
A universitária Isabella Rodrigues, diz que se sente insegura ao passar por lá, “tenho medo em andar na Beira Mar. Quando vou, passeio da maneira mais simples, sem relógio ou qualquer objeto de valor” afirma universitária. No caso da arquiteta Juliana Ribeiro, não são só os roubos que ela se preocupa, mas sim a falta de ciclovias. “As bicicletas ficam andando nas calçadas e as pessoas se vêem obrigadas a andar nas ruas”, conclui a arquiteta .
Segundo o Coronel Sergio Costa do Comando de Policiamento da Capital (CPC), nas férias está previsto um projeto especial garantindo a segurança no calçadão, tanto do público local como de fora. “Hoje já se encontra na avenida policial a pé, a cavalo, em segway, com cães, nas motos e em carros. Já na alta estação prevê um reforço no número destes agentes”.
Mas fique atento, vale lembrar que as dicas continuam as mesmas: não andar com objetos que chamem atenção ou que tenham valor, prestar atenção ao redor e evitar andar em pontos que estejam desertos. “A segurança não é dever só nosso,o próprio cidadão tem que colaborar” explica o Coronel Sergio.
Interdição das vias
Mirella Garcia
A carência de vias exclusivas para bicicletas, tem gerado transtornos para motoristas e ciclistas, em Fortaleza.
Na Avenida Beira-Mar, o espaço é bem limitado por cones, o que torna um lugar disputado por ciclistas e coopistas.
De acordo com os usuários que utilizam o espaço, a maioria das vias é subutilizada devido à insegurança ou com a falta de infra-estrutura dos espaços.
Para quem utiliza a bicicleta todos os dias como meio de transporte para trabalhar ou para a prática de esporte, sente que muitos motoristas não respeitam o ciclista e nem os pedestres.
O poder público criou uma alternativa para a avenida Beira-Mar. Todos os dias, entre cinco e oito horas da manhã, 600 cones são distribuídos ao longo de três quilômetros da Avenida. Os cones restringem uma das faixas a coopistas e ciclistas e são dispostos em fila a um metro e meio do meio fios do calçadão, de modo a oferecer maior segurança para os praticantes do Cooper e ciclistas.
Mas dessa maneira o pequeno e único espaço fica disputado para quem vai andar, correr, pedalar ou até mesmo andar de patins.
Para alguns usuários o espaço é um benefício, pois o horário disponível é interessante para quem gosta da prática de atividades esportivas e de fazer Cooper bem cedo e antes de ir para o trabalho. Para a publicitária, Luciane Ribeiro, que faz Cooper duas vezes por semana, a pista tem sido um lugar seguro. “Correr no meio da rua é muito arriscado, com essa mudança torna-se uma proteção para todos nós”, diz a publicitária.
Já para outros a utilização dos cones tem sido um problema. Pois o pequeno espaço destinado a ciclistas e pedestres tem sido bastante disputado entre eles. O outro problema é o engarrafamento. Com o fechamento da Avenida Beira-Mar entre as cinco e oito horas para a prática de Cooper e do ciclismo tem se tornado uma dor de cabeça para quem trabalha ou reside na área. Os passeios dos ônibus de turismo começam às 7 horas da manhã, e vem causando engarrafamento e congestionamentos por duas horas no local.
Segundo, a estudante Francielle Bezerra, a mudança prejudica o tráfego de carros durante o dia, e principalmente para os moradores que precisam se deslocar para a faculdade ou para o trabalho.
Para o motorista, Paulo Roberto, a pista para os carros tornou-se muito estreita e isso já está causando congestionamento na avenida, o ideal seria fazer um novo planejamento na área.
A instalação dos cones e a divisão da pista foi um fruto de uma autorização conjunta da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de Fortaleza e a Secretaria Executiva Regional II. A assessoria de imprensa da AMC informou que ainda não chegou ao órgão nenhuma reclamação e que o serviço não sofre nenhuma ameaça de ser interrompido. E se houver alguma reclamação é necessário que o usuário se encaminhe à secretária de esporte e faça a sua reclamação. A autarquia Municipal de Trânsito também orienta aos ciclistas e coopistas a deslocarem-se para outros lugares, para solucionar o problema e de modo a oferecer maior segurança para os praticantes do Cooper. A AMC, ainda afirma que há a sugestão de ciclovia da Avenida Washington Soares e a via expressa.
De acordo o coordenador do Programa de Transporte de Fortaleza (Transfor), Daniel Lustosa, em toda a capital cearense, há apenas 51,7 quilômetros de ciclovias, mas a idéia é construir, até 2010. Em todo o programa será implantado 30 quilômetros de ciclovias, que irá somar a 65 quilômetros já existente, ao final do programa irá ter no total 100 quilômetros em todo o município. Segundo o coordenador do Programa, há 10 obras em curso, mas não só de ciclovias, estão sendo feitos 164 quilômetros de calçadas novas, drenagem e pavimentação em oito vias. Haverá três ciclovias: na Avenida Sargento Hermínio e na Humberto Monte e Bezerra de Menezes.
A primeira etapa deve terminar em julho de 2010.
Contatos:
Assessoria AMC
Kerla Alencar
3433.97.00 /8814.8293
Transfor- Programa de Transporte de Fortaleza
Coordenador do Programa, Daniel Lustosa.
3105.2710 / 8814.8161
O uso de “Segway”
Leon Lopes
O governo do Estado foi a primeira instituição pública do Ceará a adquirir os patinetes motorizados Segway, para o patrulhamento da Avenina Beira-Mar. Agora chegou a vez dos civis mostrarem que também aderiram a idéia.
Criado pelo inventor americano Dean Kamem, o Segway, ou transportador de pessoas, é um equipamento de alta tecnologia que utiliza um conjunto de microprocessadores e um motor para simular o mesmo princípio que faz o corpo humano para se manter em pé. Ele é considerado pelo seu inventor como “a invenção que vai mudar o mundo”. Mas com o modelo Segway X2, de segunda geração, custando a quantia de R$29mil reais, parece que o mundo precisará mudar primeiro antes que a profecia de Kamem se realize. A vantagem para a minoria que têm condições de comprar um “brinquedinho” desses, é que poderá se locomover sobre o calçadão da Avenida Beira-Mar, sem ser incomodado pelos agentes da Autarquia Municipal de Transito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC), pois o Código de Trânsito não considera a Segway um veículo, não sendo possível o controle legal sobre o mesmo.
O presidente AMC, Flávio Patrício, afirma que não há como proibir o uso de patins, skates e patinetes elétricos, restando apenas a restrição do tráfego de bicicletas sobre o calçadão. Fato que por sua vez tem incomodado os ciclistas que passam a ter que disputar espaço com os carros. Para o presidente da AMC, o problema na Beira-Mar não é de legislação, mas um reflexo da “má educação do fortalezense, que igualmente se pode verificar no trânsito, nas vias públicas e outros procedimentos sem compromissos com a cidadania”.
A frase de Patrício parece encontrar eco no pensamento do célebre escritor francês, Jules Michelet (1798-1874), que afirmava que “um sistema de legislação nunca terá poder se não colocarmos ao lado um sistema de educação.” No entanto, as ações dos órgãos de trânsito parecem priorizar a punição, pois, por mês, a AMC recebe a quantia de R$ 1.800.000 em dinheiro que, segundo a Autarquia, é aplicada na instalação e manutenção de semáforos, sinalização das ruas e campanhas de educação. Resta saber de que forma estão sendo realizadas essas campanhas de educação e se as mesmas estão surtindo algum efeito. Algumas instituições privadas já descobriram, priorizar o foco no problema nem sempre conduz à solução. A ênfase dada às relações de consumo e a uma cultura que privilegia o individualismo é, sem dúvida, um dos grande desafio para o gerenciamento da vida nas sociedades capitalistas modernas e para o exercício da cidadania.